quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Exercícios Espirituais



Fruto da conversão de Santo Inácio, os Exercícios Espirituais propõem os assuntos sobre os quais ele refletiu, meditou e contemplou, como a indicação de atitudes e procedimentos que o moveram a mudar de vida e entregar-se a Deus.
Santo Inácio percebeu que isto poderia ser útil para outros e por isso foi anotando tudo o que lhe parecia servir para mais tarde.
Antes de ser escrito, portanto, o que aparece em seu livro foi vivido por ele. É fruto de suas experiências.
A força dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio está, em grande parte, no fato de o livro dos Exercícios ser antes de mais nada um manual prático, composto sem pretensões literárias ou de retórica, mas para servir de guia para os que desejam empenhar a própria vida, deste ou daquele modo, a serviço da maior glória de Deus e em prol de seus semelhantes.
O primeiro passo recomendado por Santo Inácio em uma das vinte "Anotações" do início de seu livro é o seguinte: que o "exercitante", ao entrar na experiência dos Exercícios, tenha em si um grande desejo de aproveitar em tudo o que for possível, tomando como ponto de partida um oferecimento a Deus de todo o seu querer e liberdade.
Neste oferecimento não há ainda nenhuma concretização específica, mas apenas uma atitude básica: que Deus disponha do mesmo conforme a sua vontade.

Com o "Princípio e Fundamento", supõe-se que já surja uma primeira e firme resolução: tirar de si tudo o que for impedimento para abraçar a vontade de Deus na própria vida. É necessário, consequentemente, tomar consciência de toda a desordem existente e de suas trágicas conseqüências, para que o abandono à misericórdia e à graça de Deus torne possível uma vida nova, de acordo com a vontade de Deus.

É o trabalho da "Primeira Semana", que termina com uma oração de agradecimento e uma pergunta: o que devo fazer por Cristo? Na "Segunda Semana", o "exercitante" é convidado a contemplar a vida de Cristo, a fim de que, conhecendo-o mais em profundidade, possa mais amá-lo e seguí-lo. É uma etapa de confronto da própria vida com a vida de Cristo, iniciada pelo "Exercício do Reino". Este tempo de discernimento culmina com o processo da "Eleição" e a tomada de uma decisão de vida.

A "Terceira Semana" tem como finalidade confirmar a opção feita, confrontando a nossa pequenez com o amor sem limites que o "Eterno Rei" manifestou-nos através da instituição da Eucaristia e dos sofrimentos de sua Paixão.
A "Quarta Semana" reforça ainda mais esta opção feita, mediante a alegria, a paz e a felicidade da Ressurreição, Ascensão e Pentecostes.
Os Exercícios Espirituais terminam com um exercício singular e original: a "Contemplação para alcançar Amor".
Santo Inácio acentua o amor como doação mútua, como entrega de vida, manifestada sobretudo por obras de amor.
Da parte de Deus, este amor são os dons que dele recebemos e, mais que estes dons, é ele que se dá a nós, com sua presença, atuação e reflexão nas criaturas.
A consciência deste amor pede, de nossa parte, uma resposta de amor. Daí a oração final: "Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, minha memória, minha inteligência e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo.
De vós recebi; a vós, Senhor o restituo.
Tudo é vosso; disponde de tudo inteiramente, segundo a vossa vontade. Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta".
A experiência dos Exercícios supõe muita generosidade e trabalho pessoal. Especialmente o exame da própria vida: como atuo? O que me move por dentro? Tenho consciência de tudo o que recebi do amor de Deus?
Correspondo a este amor?
Tudo isso implica numa longa caminhada.
Porém, realizada com a ajuda da graça (que nunca falta!) e alguém mais experimentado (o que "dá os Exercícios"), é capaz de provocar mudanças decisivas. Não vale a pena experimentar?

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